Quando fez 50 anos, papai resolveu fazer uma pós-graduação na UFMG.
Na época, eu fui contra, pois era paga, via Fundação Cristiano Otoni e nós já estávamos apertados de grana. Porém, hoje revendo a história foi um dos troços mais ducaralhos que ele fez.
Papai fez tanta zona na turma. Levou máquina fotográfica, fotografou todo mundo, produziu um churrasco no campus, deu carona para o pessoal de fora de BH, fez amigos, conversou com todos os professores do dep., brigou com alguns, tirou sarro, ensinou, aprendeu um pouco, copiou trabalhos, desconversou, tocou violão, arrumou serviço no campus para ele e para os outros e etc.
Os colegas da pequena turma, após algumas semanas, simplesmente passaram a chamá-lo de "Mestre". Isso com todos os PhDs que rondam por lá.
Pois então, quando ele fez a cirurgia para tentar retirar o câncer, ainda faltava uma matéria para terminar os créditos. Diante da situação sensível o prof. autorizou a realização das provas em casa juntamente com um trabalho em dupla.
O colega Rubaiyat esteve aqui em casa com um gravador para registrar a apresentação do trabalho feita pelo papai. Antes, eles ligaram o rádio, já sintonizado na GeraesFM, para colocar uma música de fundo qualquer. Bem a calhar, estava tocando Desculpe Baby dos Mutantes!
A parte engraçada, dizem, é que no meio da gravação mostrada na sala de aula havia uma "ordem" nas falas do papai:
"Rubaiyat, pode mudar a transparência. Prossiga!"
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