Monday, December 24, 2007

Não me lembrou exatamente o ano deste caso, mas acho que ocorreu em 2001.

A Dona Alda, mãe do Eduardo amigo da família, frequenta o centro espírita Cáritas no bairro Sion. Uma vez, o médium do centro recebeu uma mensagem espírita dizendo que ela deveria comprar uma cesta básica para o meu pai, visto que nós passávamos dificuldades.

Papai aceitou o presente de muito bom grado, ainda mais com as recomendações vindas do Além que mexeram, e muito, com a sua imaginação.

Nunca faltou comida aqui em casa. Mas realmente nas semanas que antecederam o acontecido as coisas não estavam boas e o pouco dinheiro na carteira pode ser direcionando a outras contas.

Feliz Natal a todos!

Sunday, December 16, 2007

Há muito tempo atrás papai instalou um telefone no hall de entrada da casa, perto da cozinha, para que quando uma ligação tocasse na hora do almoço ou jantar, o retorno à mesa fosse abreviado, pois papai fazia questão da família completa.

Uma vez, no meio do jantar o telefone tocou e ele foi atender. Era uma dessas fundações tipo APAE pedindo doações. Papai olhou para a mesa, com uma cara de quem não sabia o que dizer. E nós todos estávamos curiosos.

Até que, meio num lampejo e para despachar o logo a ligação inconveniente, ele disse numa voz meio capial:
"Aqui é o Antônio, o Jardineiro!"
"Tenho que esperar meu patrão chegar... para ver esse negócio... doação?"

Nós rimos pra caramba, logo em seguida, quando o telefone foi posto no gancho.

Saturday, December 08, 2007

Ainda sobre Fuscas.

Essa ninguém da minha família irá se lembrar. Mas nós tivemos um fusquinha branco. (Uma das minhas memórias mais antigas é termos ido para praia nele. Eu minha irmã íamos rolando no banco traseiro que estava deitado.)

Esse Fusca branco foi roubado em Barbacena na frente da casa da minha avó, na R. Washington Luis. Eu devia ter uns 4 anos e me recordo bem, porque quando a polícia chegou para fazer o BO, papai fez questão que eu visse o funcionamento do rádio do carro da polícia (que também era um fusca!). A família e os curiosos estavam todos na rua.

O carro foi achado umas semanas depois intacto. Inclusive c/ os óculos escuros do papai no painel. No entanto, a caixa de ferramentas que ele levava no porta malas foi levada. Nós ficamos muitos anos escutando, toda vez que papai precisava do alicate de bico, as reclamações a respeito do roubo!

Saturday, November 24, 2007

Em 1987 papai gastou uma grana e comprou um computador XT para a firma de engenharia.

Ele tinha aqueles pacotes padrões: Wordstar, Lotus123, folha de pagamento da RM Sistemas e etc. Eu me lembro como se fosse hoje a demonstração que ele fez sobre o que era uma Planilha Eletrônica para mim e para o André, usando como exemplo ingredientes de uma feijoada!

Eu confesso que não vi muita graça, visto que já possuíamos um MSX em casa para outros fins. Mas era tão raro possuir computadores na época, que me lembro bem do fascínio que a máquina produzia em alguns primos e tios que iam ao escritório para sacar de qual era da máquina.

Quando a firma faliu, ele trouxe o computador para casa. E pouco tempo depois equipou-o com um HD 5e1/4 de 20megas, porque até então tudo ficava em disquete. Quando compramos o 486 em 1994, ele foi trocado por uma impressora Epson LX. O dinheiro da venda do MSX deu para comprar o Modem Zoltrix 14400bps.

Saturday, November 17, 2007

Alguém me perguntou se o caso do fusca relatado pelo Rony é verdadeiro.

Eu acho que sim. Pois depois me lembrei que em 1992 papai teve um outro fusquinha que teve que ser vendido após mais dificuldades financeiras.

Para se ter uma idéia, na época, eu e meu amigo Ricardo do Promove éramos os únicos da sala cujos pais possuíam tal carro. (E naquela neura idiota de adolescente, não gostávamos de ser pegos na saída do colégio elitista de fusca =)

Lembro bem da ocasião da venda. Como meu pai estava obcecado com a religião crente, fizemos uma reza no meu quarto e eu e minha irmã choramos, após o papai avisar que precisava vender o carro...

Pois então. Anos depois, quando inqueri o papai, ele não se recordava de ter tido esse outro Fusca. É a vida! Fazer o quê? Tenho certeza que maioria das pessoas não lembram de todos os carros que tiveram na vida.

Sunday, October 28, 2007

Quando eu tinha 4 ou 5 anos de idade, acordei num belo dia de semana, e abri o maior bué porque queria ir trabalhar com o papai. Foi uma pirraça das tantas! Eu lembro da minha mãe falando:
"E agora Cesar ? O que a gente vai fazer ?"
"O jeito que tem é ele ir trabalhar comigo..."

E assim fomos juntos, eu e papai para o escritório numa caminhonete F1000 da firma. Ser um dos donos da firma tinha lá suas vantagens, como essa.

No entanto, na terceira curva, aqui perto de casa, a gasolina da F1000 acabou. Hoje, no meu entendimento do mundo, não foram por acaso os 2 acontecimentos no mesmo dia!

A sorte era que no veículo tinha um galãozinho e mangueiras de plástico. Tivemos que andar uma subida enorme (pouco mais de 1km) até o carro do condomínio, uma Brasilia bege escuro, onde papai colheu a gasolina.

Depois foi só voltar tudo de volta, fazer o sifão e dar a partida na F1000! Foi uma aventura, ir trabalhar nesse dia com o papai!

Monday, October 01, 2007

Com 15 anos entrei para o CEFET-MG e logo no primeiro semestre houve uma grande greve dos professores.

Após uns 40 dias de greve, uma reunião dos professores com os alunos foi realizada para que eles pudessem explicar a posição deles. Muitos pais de alunos estavam presentes e preocupados. Principalmente aqueles cujos os filhos eram oriundos da rede particular de ensino, como eu.

A reunião então começou no auditório lotado, com mais de 600 pessoas entre pais, alunos e professores. Logo no início, o grêmio estudantil que era contra a greve fez alguma bagunça e quase todo auditório vaiou um dos professores antes dele começar a falar.

Esse professor que era diretor de alguma coisa ficou indignado. E a decisão deles foi suspender a reunião, alegando falta de educação, enquanto os alunos e o grêmio não se retirassem do auditório.

Estava criado o impasse: se os alunos não saíssem, os professores não continuariam a reunião. Muitos até saíram, porque a palhaçada dos professores foi grande.

O que aconteceu foi que papai, como um bom libriano, pediu o microfone para falar. E ele então começou muito calmo:
"Bom dia a todos! Meu nome é Cesar Augustus e sou um pai de aluno..."

Ainda muito calmo, ele "soltou os cachorros" de uma forma inesperada para os professores que ficaram brancos:
"Acho que o que aconteceu aqui, não condiz com a estatura de uma instituição do tamanho do CEFET! ... digo isso, porque alunos fazem bagunça mesmo."

O auditório inteiro foi ao delírio e aplaudiu papai. Ele esperou e continuou:
"Eu, quando era aluno, fazia bagunça..." Mais aplausos, gritos e assovios de aprovação.

E ele continuou, lançando a pergunta:
"E se vocês, professores, não estão conseguindo dar continuidade a essa reunião, como é que tratarão um assunto muito mais importante como a greve ?? "

Nessa hora, era uma catarse coletiva. E como se não bastasse, ele ainda disse:
"Eu sou engenheiro, eu posso dar aula de matemática e física!!"
"Se vocês não estiverem querendo dar aula, eu venho aqui e dou aula! Nós, os pais de alunos, ajuntaremos e daremos aulas!!!"

Papai "baixou um pouco a bola" e falou que a reunião teria que continuar de qualquer maneira e despediu-se de todos. Todo o auditório aplaudiu o papai. Eu na platéia também recebia cumprimentos e elogios.

Os professores, muito sem graça (mas putos, com certeza), pediram desculpas e continuaram a reunião com os alunos.

Obviamente, papai saiu do auditório rapidamente. Ele dizia que depois desse dia, sempre que entrava no CEFET, alguns professores o olhavam com olhos tortos.

Thursday, September 27, 2007

Caso relatado pelo meu primo Marquito.

Eles estavam indo para o 2 casamento do tio Luisinho em Barbacena, quando papai falou:
"Marquito, eu estou para receber uma grana e quando receber eu te pago!"
"Pagar o quê, Cesar?"
"A camisa nova que você vai comprar para mim para o casamento do seu pai".
"E o litro do Whisky também".

Eles então pararam no BH Shopping e Marquito passou o cartão para a camisa e o Whisky para irem tomando. Só no meio da estrada perceberam que tinham atrasado muito e o casamento começara. E o Marquito era padrinho do pai dele!!

A turma atrasou o que pode do casamento ao saber que os dois vinham juntos de BH (na época não existia celular). Marquito me contou que chegou na hora de assinar como testemunha. Depois, eu perguntei: "E o meu pai te pagou?" Ele falou: "Nós dividimos de 3 ou 4 vezes. Era algo do tipo 33, 33 e 33. Só faltou ele pagar a última." E completou: "Mas ele sempre lembrava..."

Saturday, September 15, 2007

Quando estava atrasado, o que era frequente, papai passava o Escort por cima do canteiro da BR na saída do condomínio. Assim ele ganhava tempo e 1,6km por evitar o retorno.*

Certo dia, a Sylvia, minha vizinha, saiu com seu carro um pouco na frente do papai. Ela também levava seu filho para o St. Dorotéia. Na saída do condomínio, papai passou por cima do canteiro e ela não viu. Quando encontram no colégio, minutos depois, ela exclamou: ¨Cesar, mas você correu muito!".

Outra vez, o Dr. Hugo, quando ia comprar material para a obra, resolveu imitar e fazer o mesmo. Meu pai que estava no banco de carona, contou-me que quase enfartou, pois o Dr. Hugo antes de começar a subir no canteiro, avançou o carro na contra mão e quase provocou um acidente.

* A Sylvia falou que se fizessem um trevo lá, ele deveria se chamar Trevo do Cesar.

Sunday, August 26, 2007

Segue uma contribuição do Eng. Rony, amigo do papai, para o blog:

-----Mensagem original-----
De: ronyrh@efata.com.br [mailto:ronyrh@efata.com.br]
Enviada em: sábado, 18 de agosto de 2007 19:50
Para: EZEQUIEL
Assunto: Re: enquanto descansamos, carregamos pedras

Entrei no Blog e dei umas boas risadas e cheguei a ficar com o coração apertado pois bateu uma saudade muito grande do seu pai.

Vou lembrando alguma coisa e vou te passando.

Trabalhávamos com o Cesar (meu Mestre na arte de projetar) e estávamos uma vez todos reunidos e o telefone tocou e era um cliente novo indicado por algum amigo.

E a conversa esticou com o futuro cliente e o Cesar tentava mostrar que nós éramos os melhores de Belo Horizonte e não faltavam adjetivos para para falar de nossa empresa e ele descrevia tudo o que o escritório seria capaz de fazer e a certa altura, como desfecho final ele falou: "Olha! ... nós somos especializados em resolver qualquer tipo negócio".

Tivemos que sair da sala porque ríamos de cair no chão e isso virou folclore e até hoje eu, Mário, Paulo Bedê e Alcino sempre quando nos encontramos lembramos esse fato que foi um dos melhores que já presenciamos.

Outra

Eu trabalhava com o Cesar já a uns dois anos e recebia por serviço e não havia salário. Ele tinha uma caderneta e ia anotando e a minha foi acumulando e a certa altura ele me propôs vender o seu "fusquinha branco" e eu poderia pagar com os serviços de projeto.

Um dia chegou o valor e eu fui buscar o fusquinha e minha emoção era muito grande, pois era o meu primeiro carro. O Cesar fez um discurso, falou sobre o carro, os bons momentos que passou com ele e mil recomendações que, claro ... não em lembro mais.

Passado uns meses um dia ele me perguntou: "Rony, quando você vai me devolver o carro?"
Eu falei: "Uai Cesar! eu comprei ele de você!"
Ele respondeu: "Foi mesmo?" "Eu achei que era um empréstimo..."

Fiquei sinceramente com pena dele, pois ela gostava muito do carro e fiquei anos com o fusquinha branco e às vezes dava vontade devolvê-lo, mas os tempos eram difíceis e nunca consegui.

Abraços,
Rony

Sunday, August 19, 2007

Dr. João.

[Pequena introdução]
O Dr. João é médico homeopata que cuida da saúde da saúde da família. Nós vamos ao seu consultório desde pequenos.

Bastaria dizer somente que quando papai fez a cirurgia fatídica, ele assistiu-a como convidado. E quando toda junta médica lavou suas mãos e entregou o caso para Deus, o Dr. João foi o único a oferecer uma esperança alternativa. E nesse caso, segurar uma barra pesadíssima junto com a gente.
[Fim da pequena introdução]

Alguns dias depois do falecimento do papai, o Dr. João me relatou o seguinte sonho que ele teve:

O papai estava enfermo na cama. O Dr. João sabendo que ele já havia morrido questionou-o: "Cesar! Você está morto!"
Papai olhou-o com aquela cara...
O Dr. continuou: "Cesar você não encontrou com seu pai e sua mãe ainda não?"
Papai respondeu no sonho: "Ainda não, João..." ele fez uma pausa "Eu ainda estou refletindo sobre o que é viver."

Thursday, August 09, 2007

Hoje fui no Dr. Valênio, oftmologista da família. Lembramos uns casos do papai:

1.
Minha última consulta foi em conjunto com o papai, no dia 21/02/2001 (segundo a receita). Nesse dia lembro claramente meu pai falando:
"Valênio, eu estou impressionado com a velocidade que minha visão está indo pro espaço!" "Cada dia que passa, eu estou enxergando menos..."

O Dr. Valênio respondeu, numa tentativa de acalentar a insatisfação da alma do papai:
"Cesar! Isso é envelhecer... Por outro lado, você está ficando mais sábio com o passar do tempo..."

Papai retribuiu com um largo sorriso e disse: " é você tá certo...". Era o sinal que a sabedoria do Dr. Valênio funcionara.

2.
Numa outra consulta, papai estava reclamando da velha falta de grana de forma lamuriosa:
"Sabe Valênio, o problema é que não poupei nenhum dinheiro durante toda a vida. Gastei tudo com viagens ao exterior."
O Dr. respondeu:
"Cesar, você fez aquilo que nós jovens queríamos fazer, mas não tivemos coragem!"

Friday, August 03, 2007

Censo2000!

Ontem, recebemos pelo correio a propaganda do Censo 2007 do IBGE. Foi quando contei, para o meu irmão e mais 2 pedreiros que racharam de rir, a seguinte história:

No último censo em 07/2000 papai foi uma das únicas pessoas encontradas na rua pelo recenseador do IBGE. Diante do desânimo da pessoa em voltar outro dia (aqui no condomínio, eles andam a pé de casa em casa. E muito!), papai então convenceu o fiscal que conhecia toda a rua e poderia muito bem responder o censo das outras pessoas. O que era verdade.

Só que para algums vizinhos específicos, ele informou salários absurdos, muito mais altos do eles provavelmente ganhavam. Confesso que não achei ético, mas na cabeça do papai, era realmente o salário que eles ganhavam...

No entanto, qual foi a nossa surpresa, quando meses depois, um de nossos vizinhos teve seu salário publicado nos principais jornais de Minas por causa de um escândalo na Assembléia. O salário publicado era mais que o dobro do salário inventado pelo papai...

Sunday, July 29, 2007

Quando comprou o livro do CAOS do James Gleick, papai, muito entusiasmado e com seu jeito propagador de idéias, vivia explicando a Teoria do Caos para os outros. Eu, pequeno, vi isso várias vezes.

Uma vez, estávamos numa farmácia homeopática que existia na praça ABC (aonde é aquela lanchonete ou então o bar Dalva). No balcão ele falou da teoria com a farmacêutica. Havia um biólogo esperando. Ele também entrou na conversa, dando exemplos da teoria na área de biologia. Foi muito legal!

Cresci escutando, durante mais de um ano, a história que a equação x^4-1=0 tem quatro raízes (o que é trivial para qualquer pessoa com formação em exatas), mas não era o caso da platéia que o escutava o papai na maioria das vezes. Quando ele estava de posse do livro, mostrava as figuras o que acabava facilitando a explicação. Mas quem entendia pouco de matemática, sempre olhava o papai com os olhos assustados!!

A figura que acompanha esse post mostra o comportamento caótico quando a equação acima é resolvida pelo Método de Newton cujos parâmetros iniciais não estão perto de nenhuma das raízes: 1,-1,i,-i (elas são aqueles pontos mais claros no meio das cores cheias).

A figura foi retirada desse site: link

Thursday, July 19, 2007

Quando papai faleceu, 2 dias depois o Fernando escreveu no seu blog um depoimento sobre o papai, sobre a morte e sobretudo sobre a vida.

Li em voz alta esse texto para a família, repassei para os colegas de trabalho (porque na época estava sem forças para escrever o meu). Todos se emocionaram!

O texto é um dos mais bacanas que já li!

i'm set free

Monday, July 09, 2007

Uma das últimas obras que o papai fez, foi a reforma da agência de correio do Henrique.

Papai estava muito desgastado com quase todos os peões da obra, que faziam muita coisa errada, enrolavam serviço e etc. Sua doença já estava bem avançada no corpo físico (nós só não sabíamos disso).

Para mim, papai já estava cansado da vida. Mas ele deu o troco, numa situacão teatral, contra a falta de comprometimento de toda equipe.

Era 11 de Setembro, aniversário de dois anos da queda das torres gêmeas. Papai reuniu a equipe de pedreiros, encarregados, eletricistas e mais alguns funcionários do correio presentes na hora, juntanto umas 10 pessoas. Ele começou pedindo que todos dessem as mãos e rezassem um Pai-nosso em voz alta em homenagem às vítimas do atentado.

Até ai tudo bem, só que ao acabar o Pai-nosso, papai começou um discurso inflamado, enfatizando a braveza do ato dos terroristas da Al-Qaeda que mudaram o mundo.

O Henrique, meu cunhado, achou a maior graça, mas conseguiu manter-se sério. Certamente, muitos perceberam que estavam diante de uma situação maluca. Poucos perceberam a ambiguidade do discurso. Mas ninguém percebeu a verdade: que papai fazia hora com a cara de todos.

Sunday, July 01, 2007

Agora pouco conversava com o tio Luizinho e o tio Cláudio que iria pegar um ônibus para Niteroi às 23:10hrs e estava preocupado com o horário de saída para chegar à rodoviária com calma.

Eu falei: "Podemos sair às 22:40 com folga, para que a gente, usando um termo que papai gostava, possa 'parkear' o carro com calma."

Eles cairam na gargalhada.

Wednesday, June 13, 2007

Quando fez 50 anos, papai resolveu fazer uma pós-graduação na UFMG.

Na época, eu fui contra, pois era paga, via Fundação Cristiano Otoni e nós já estávamos apertados de grana. Porém, hoje revendo a história foi um dos troços mais ducaralhos que ele fez.

Papai fez tanta zona na turma. Levou máquina fotográfica, fotografou todo mundo, produziu um churrasco no campus, deu carona para o pessoal de fora de BH, fez amigos, conversou com todos os professores do dep., brigou com alguns, tirou sarro, ensinou, aprendeu um pouco, copiou trabalhos, desconversou, tocou violão, arrumou serviço no campus para ele e para os outros e etc.

Os colegas da pequena turma, após algumas semanas, simplesmente passaram a chamá-lo de "Mestre". Isso com todos os PhDs que rondam por lá.

Pois então, quando ele fez a cirurgia para tentar retirar o câncer, ainda faltava uma matéria para terminar os créditos. Diante da situação sensível o prof. autorizou a realização das provas em casa juntamente com um trabalho em dupla.

O colega Rubaiyat esteve aqui em casa com um gravador para registrar a apresentação do trabalho feita pelo papai. Antes, eles ligaram o rádio, já sintonizado na GeraesFM, para colocar uma música de fundo qualquer. Bem a calhar, estava tocando Desculpe Baby dos Mutantes!

A parte engraçada, dizem, é que no meio da gravação mostrada na sala de aula havia uma "ordem" nas falas do papai:

"Rubaiyat, pode mudar a transparência. Prossiga!"

Monday, June 04, 2007

Quando erámos muito pequenos, nas viagens para Barbacena, papai sempre nos perguntava se gostaríamos de ir pelo caminho mais longo ou pelo caminho mais curto.

Eu e minha irmã respondíamos em coro: "Pelo caminho mais curto!!"

Certa vez, nós voltamos de Barbacena com o vô Oswaldo. Quando chegamos em casa, papai nos perguntou como tinha sido a viagem. Nós falamos desanimados: "Ah... o vovô veio pelo caminho mais longo..."

Saturday, May 19, 2007

Atenção leitores! O caso que segue é a situação que mais ri na vida e aconteceu no final de 1999:

Quando tal modelo ficou comum, papai adquiriu um par de óculos multifocal, passando a enxergar bem melhor. Enxergando, inclusive, coisas que não devia.

Ele havia acabado de me pegar no cursinho Soma e já tinha pego o Rafa no St. Dorotéia e íamos todos p/ casa para almoçar, como habitualmente fazíamos. No sinal da Av. Augusto de Lima, prestes a virar o carro na rua da Bahia, papai olhava p/ a paisagem urbana ao redor do veículo, maravilhado com as coisas que ele agora podia enxergar de óculos.

"Tá vendo aquele letreiro ali?!" perguntava papai, se referindo a alguma coisa escrita num ônibus.
"Sim..." respondemos mal humorados
"Eu consigo ler. Que maravilha!"
"Tá vendo aquilo ali? Vocês enxergam?" e continuava ele perguntando maravilhado.

Percebendo que eu e meu irmão estávamos de saco-cheio, já com aquele mal humor de fome, papai nos pregou a seguinte peça. Ele continuou sua viagem visual girando sua cabeça vagarosamente para direita, exclamando como era bom ver os detalhes das coisas. Quando meu irmão, que estava no banco da frente, entrou no campo visual dele, papai fingiu assustar-se com a cara do Rafa vista através dos óculos pulando p/ o lado oposto no banco do carro.

Eu ri prá caralho! Durante minutos, da barriga doer de tanto rir! Foi muito engraçado!

Friday, May 11, 2007

Lá pelos idos de 1991, após muita insistência de minha mãe, meu pai contratou um advogado para adicionar o sobrenome do meu avô materno ao meu nome e de meus irmãos.

A explicação para isto de alguma maneira está relacionada com a psicanálise...

Então, era comum eu escutar minha mãe falar diversas vezes:
"Cesar! Você ligou para o Lúcio para olhar a mudança do nome das crianças??"
"Cesar! Você já ligou p/ o Lúcio?".
Mas o processo nunca saia do lugar.

Segundo o advogado, Lúcio, o papai até ligava, inclusive falavam quase 2 horas no telefone a cada ligação. O advogado explicava que já havia feito a petição e etc, mas precisava das certidões de nascimento. Papai parecia nunca entender, pois não enviava nossas certidões de nascimento.

Ontem, conheci por acaso esse advogado que tentou tocar esse processo maluco. Ele contou alguns casos do papai. Não lembrou onde se conheceram, mas comentou que antes de conhecer o casal "Cesar e Nivalda", eles eram uma espécie de lenda, pois vários amigos em comum os exaltavam, dizendo coisas do tipo: "Vocês tem que conhecer o Cesar e a Nivalda". Um casal em chamas.

Sunday, May 06, 2007

Certa vez, virou moda no Brasil a venda de quadros com brasões de famílias de origens portuguesas e espanholas. Esses quadros bordados e/ou impressos ficavam expostos em diversos lugares de BH.

Numa dessas exposições no BH Shopping, papai tirou um papel da pasta e muito interessado começou a fazer um croqui do brasão da família Pereira. Logo veio uma pessoa da empresa dizendo que ele não poderia copiar o brasão por causa de direitos autorais e tal...

Papai indignou-se na hora (como usual) e falou: "Meu amigo: eu é que vou te processar!" "Você está aqui, ganhando dinheiro indevidamente com o brasão da minha família!!".

O cara tentou contra-argumentar, mas não conseguiu diante da indignação de papai. Logo, ele acabou se recolhendo...

Monday, April 30, 2007

Meu primo Pedro Henrique me contou este caso acontecido a muito tempo atrás:

Uma vez minha tia hospedou papai em São José dos Campos. Na época, o apartamento era do lado de uma rodovia, e mesmo sendo um andar alto, o barulho era enorme.

Ao entrar no quarto, minha tia viu meu pai deitado com o travesseiro e as mãos sobre a cabeça.
Ela perguntou: "Cesar! Você está passando mal??".
Papai meio aborrecido respondeu: "Não sei como vocês conseguem dormir aqui! O barulho é infernal...".
Papai continuou: "Isto até explica o fato do Cláudio ser meio perturbado..." (Cláudio era o marido da minha tia. Um casamento que para variar não deu certo).

Monday, April 02, 2007

O Dr. Lucas Figueiredo me contou este caso do papai:

Ele falou que na época que ele estava trabalhando para a Igreja Universal do Reino de Deus (Sim o papai fez os projetos e executou a obra de uma igreja da UdRdD que ficava na Av. do Contorno um pouco antes da Av. Cristovão Colombo).

Nesta época ele ficou muito amigo dos pastores, inclusive a ponto de ser convidado a fazer o curso e etc.

Pois então: havia um Pastor lá, meio bronco, que era um dos mais amigos. Até o dia que um outro Pastor chegou e falou para o papai:
"Você, Cesar, não vire as costas para o 'Pastor fulano' (o bronco)..."
"mas por quê?"
"O 'Pastor fulano de tal' é um ex-criminoso, já matou mais de 5 pessoas!!"

Wednesday, March 28, 2007

Certa vez, nós hospedamos o pintor Emeric Marcier aqui em casa. Eu devia ter uns 4 anos. E como ele tinha todos os cabelos e barba brancos, papai falou que nós estávamos hospedando o papai Noel. Imaginem como eu não fiquei nas nuvens: papai conhecia o papai Noel e ele estava na minha casa de férias!

Sunday, March 18, 2007

Estive em São José dos Campos recentemente. Minha prima Andrea comentou que frequentemente quando um amigo ou familiar estava com (ou criava um) problema de locomoção para ir nos encontros com toda a família, papai dizia na maior naturalidade:

"Mas por que você não pega um avião??"

Saturday, February 24, 2007

Papai não tinha "papas na língua":

Após convencer um juiz federal e sua esposa a trocarem o arquiteto no início da obra, uma vez que o projeto não estava bom, na primeira reunião com a nova arquiteta, após ela ter apresentado seu projeto, papai foi logo falando:
"Isto é um absurdo! Não funciona!"
"Isto também não" E etc...

O juiz que posteriormente me contou o caso, rindo muito, falou que na hora a situação foi tensa. Sei que a arquiteta ficou magoada, porém nesta época papai tinha todas as desculpas para não medir as palavras!

Ainda, estimo que papai tenha feito mais de 200 residências na vida. Vocês querem o que de alguém assim?

Saturday, January 13, 2007

Tolerância zero.

Um pouco antes de adoecer, papai estava fazendo o projeto do aeroporto de Ituiutaba e Poço de Caldas para o DER. Nas idas e vindas, num desses restaurantes 24hrs de rodoviária, ele pediu para o balconista:
"Por favor, que gostaria de um ovo quente."
"Não temos ovo quente, Sr." Disse o atendente.
"Como assim??" Papai replicou.
"Isto mesmo!"
"Então sirva um pouco dessa água fervendo p/ café, aqui neste copo." Papai pediu. "Agora, me dê um ovo, ali, daquela pilha de caixas."

Após receber o ovo, papai colocou o mesmo dentro do copo de água e o balconista exclamou, imagino eu, perplexo: "Ah!! Então você queria um ovo cozido??"

Não sei quanto a vocês, mas existem algumas diferenças entre um ovo cozido e um ovo quente. E meu pai queria um ovo quente!