Uma das últimas obras que o papai fez, foi a reforma da agência de correio do Henrique.
Papai estava muito desgastado com quase todos os peões da obra, que faziam muita coisa errada, enrolavam serviço e etc. Sua doença já estava bem avançada no corpo físico (nós só não sabíamos disso).
Para mim, papai já estava cansado da vida. Mas ele deu o troco, numa situacão teatral, contra a falta de comprometimento de toda equipe.
Era 11 de Setembro, aniversário de dois anos da queda das torres gêmeas. Papai reuniu a equipe de pedreiros, encarregados, eletricistas e mais alguns funcionários do correio presentes na hora, juntanto umas 10 pessoas. Ele começou pedindo que todos dessem as mãos e rezassem um Pai-nosso em voz alta em homenagem às vítimas do atentado.
Até ai tudo bem, só que ao acabar o Pai-nosso, papai começou um discurso inflamado, enfatizando a braveza do ato dos terroristas da Al-Qaeda que mudaram o mundo.
O Henrique, meu cunhado, achou a maior graça, mas conseguiu manter-se sério. Certamente, muitos perceberam que estavam diante de uma situação maluca. Poucos perceberam a ambiguidade do discurso. Mas ninguém percebeu a verdade: que papai fazia hora com a cara de todos.
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