Com 15 anos entrei para o CEFET-MG e logo no primeiro semestre houve uma grande greve dos professores.
Após uns 40 dias de greve, uma reunião dos professores com os alunos foi realizada para que eles pudessem explicar a posição deles. Muitos pais de alunos estavam presentes e preocupados. Principalmente aqueles cujos os filhos eram oriundos da rede particular de ensino, como eu.
A reunião então começou no auditório lotado, com mais de 600 pessoas entre pais, alunos e professores. Logo no início, o grêmio estudantil que era contra a greve fez alguma bagunça e quase todo auditório vaiou um dos professores antes dele começar a falar.
Esse professor que era diretor de alguma coisa ficou indignado. E a decisão deles foi suspender a reunião, alegando falta de educação, enquanto os alunos e o grêmio não se retirassem do auditório.
Estava criado o impasse: se os alunos não saíssem, os professores não continuariam a reunião. Muitos até saíram, porque a palhaçada dos professores foi grande.
O que aconteceu foi que papai, como um bom libriano, pediu o microfone para falar. E ele então começou muito calmo:
"Bom dia a todos! Meu nome é Cesar Augustus e sou um pai de aluno..."
Ainda muito calmo, ele "soltou os cachorros" de uma forma inesperada para os professores que ficaram brancos:
"Acho que o que aconteceu aqui, não condiz com a estatura de uma instituição do tamanho do CEFET! ... digo isso, porque alunos fazem bagunça mesmo."
O auditório inteiro foi ao delírio e aplaudiu papai. Ele esperou e continuou:
"Eu, quando era aluno, fazia bagunça..." Mais aplausos, gritos e assovios de aprovação.
E ele continuou, lançando a pergunta:
"E se vocês, professores, não estão conseguindo dar continuidade a essa reunião, como é que tratarão um assunto muito mais importante como a greve ?? "
Nessa hora, era uma catarse coletiva. E como se não bastasse, ele ainda disse:
"Eu sou engenheiro, eu posso dar aula de matemática e física!!"
"Se vocês não estiverem querendo dar aula, eu venho aqui e dou aula! Nós, os pais de alunos, ajuntaremos e daremos aulas!!!"
Papai "baixou um pouco a bola" e falou que a reunião teria que continuar de qualquer maneira e despediu-se de todos. Todo o auditório aplaudiu o papai. Eu na platéia também recebia cumprimentos e elogios.
Os professores, muito sem graça (mas putos, com certeza), pediram desculpas e continuaram a reunião com os alunos.
Obviamente, papai saiu do auditório rapidamente. Ele dizia que depois desse dia, sempre que entrava no CEFET, alguns professores o olhavam com olhos tortos.
1 comment:
Grande Zecão, me emocionei com os apontamentos sobre teu pai e meu bom amigo Cesinha, um cara que tinha horror a estacionar na vida e convidava todo mundo a sair do lugar, vivia na sanha de produzir novidade e acelerou como quem soubesse que tinha um ciclo breve, deixando um rastro de cometa por onde passava. Abração do sempre amigo Sávio
Post a Comment