Sunday, July 29, 2007

Quando comprou o livro do CAOS do James Gleick, papai, muito entusiasmado e com seu jeito propagador de idéias, vivia explicando a Teoria do Caos para os outros. Eu, pequeno, vi isso várias vezes.

Uma vez, estávamos numa farmácia homeopática que existia na praça ABC (aonde é aquela lanchonete ou então o bar Dalva). No balcão ele falou da teoria com a farmacêutica. Havia um biólogo esperando. Ele também entrou na conversa, dando exemplos da teoria na área de biologia. Foi muito legal!

Cresci escutando, durante mais de um ano, a história que a equação x^4-1=0 tem quatro raízes (o que é trivial para qualquer pessoa com formação em exatas), mas não era o caso da platéia que o escutava o papai na maioria das vezes. Quando ele estava de posse do livro, mostrava as figuras o que acabava facilitando a explicação. Mas quem entendia pouco de matemática, sempre olhava o papai com os olhos assustados!!

A figura que acompanha esse post mostra o comportamento caótico quando a equação acima é resolvida pelo Método de Newton cujos parâmetros iniciais não estão perto de nenhuma das raízes: 1,-1,i,-i (elas são aqueles pontos mais claros no meio das cores cheias).

A figura foi retirada desse site: link

Thursday, July 19, 2007

Quando papai faleceu, 2 dias depois o Fernando escreveu no seu blog um depoimento sobre o papai, sobre a morte e sobretudo sobre a vida.

Li em voz alta esse texto para a família, repassei para os colegas de trabalho (porque na época estava sem forças para escrever o meu). Todos se emocionaram!

O texto é um dos mais bacanas que já li!

i'm set free

Monday, July 09, 2007

Uma das últimas obras que o papai fez, foi a reforma da agência de correio do Henrique.

Papai estava muito desgastado com quase todos os peões da obra, que faziam muita coisa errada, enrolavam serviço e etc. Sua doença já estava bem avançada no corpo físico (nós só não sabíamos disso).

Para mim, papai já estava cansado da vida. Mas ele deu o troco, numa situacão teatral, contra a falta de comprometimento de toda equipe.

Era 11 de Setembro, aniversário de dois anos da queda das torres gêmeas. Papai reuniu a equipe de pedreiros, encarregados, eletricistas e mais alguns funcionários do correio presentes na hora, juntanto umas 10 pessoas. Ele começou pedindo que todos dessem as mãos e rezassem um Pai-nosso em voz alta em homenagem às vítimas do atentado.

Até ai tudo bem, só que ao acabar o Pai-nosso, papai começou um discurso inflamado, enfatizando a braveza do ato dos terroristas da Al-Qaeda que mudaram o mundo.

O Henrique, meu cunhado, achou a maior graça, mas conseguiu manter-se sério. Certamente, muitos perceberam que estavam diante de uma situação maluca. Poucos perceberam a ambiguidade do discurso. Mas ninguém percebeu a verdade: que papai fazia hora com a cara de todos.

Sunday, July 01, 2007

Agora pouco conversava com o tio Luizinho e o tio Cláudio que iria pegar um ônibus para Niteroi às 23:10hrs e estava preocupado com o horário de saída para chegar à rodoviária com calma.

Eu falei: "Podemos sair às 22:40 com folga, para que a gente, usando um termo que papai gostava, possa 'parkear' o carro com calma."

Eles cairam na gargalhada.