Em 1995, eu já estava de saco cheio do colégio Promove Mangabeiras. Cursando a oitava série, eu já percebia que era um colégio classe A que não retratava a realidade econômica da família (haja visto, por exemplo a ação judicial que o colégio moveu contra papai por inadimplência e que somente em 2008 meu amigo advogado Marcelo embargou...).

Minha mãe já havia me perguntado se eu gostaria de mudar de colégio. Me lembro como se fosse hoje. "Mas aonde irei estudar?", eu pensei na hora. Vejo que já era uma pessoa angustiada na época, pois me preocupava com os altos preços das mensalidades escolares.

Até o dia papai falou empolgado: "Vou te levar para conhecer um colégio de verdade! O CEFET-MG..." Eu desconhecia o sistema de cursos técnicos dos centros federais, pois imaginava que somente era possível formar um técnico após o 2grau. Porém, quando soube que em 3 anos além de fazer o segundo grau, eu teria uma profissão fazendo somente 6 meses de um estágio, antes mesmo de visitar o colégio, já estava a fim de experimentar a mudança.

Papai, enforcou uma tarde no serviço e fomos visitar o CEFET-MG. De cara, minha impressão foi ótima: todos aqueles alunos, transitando de um lado para o outro, caras boas, uma mini-universidade etc.

Nós encontramos um professor de química que após nos apresentarmos, fez questão de nos acompanhar na visita, mostrando as salas de aulas e os diversos laboratorios. Após mais de meia-hora, quando chegamos no pavilhão de mecânica, o professor falou que não mais poderia nos acompanhar e nos orientou a procurar um professor de mecânica no pavihão.

E lá fomos! Visitamos as oficinas mecânicas, chegamos a interromper uma aula de laboratório, quando aconteceu uma coisa inusitada: um dos motores tinha acabado de se queimar e meu pai entrou numa saudável discussão com o professor a respeito da falta de uma das fases, enquanto todos os alunos assistiam o debate.

Nesse mesmo dia, o professor me falou algo assim: "Escolha uma profissão que te faça feliz, mas saiba, se realmente quiser ganhar dinheiro na vida, vc tem que trabalhar com comércio." É duro, mas é verdade.